Nota Pública do CNASP sobre a repressão ao protesto pacífico dos trabalhadores do Chile no 1º de maio

Desde meados do ano passado os movimentos sociais no Chile lutam pela conquista de direitos humanos básicos, como previdência social, saúde e educação públicas.

Por lá tudo foi entregue à iniciativa privada durante a ditadura de Pinochet (1973-1988), o que levou o país à terceira posição no mundo em concentração de renda (23,7% da renda nacional está nas mãos dos 1% mais ricos), atrás apenas do Catar (29%) e do Brasil (28,3%), e à primeira posição da América do Sul no número de suicídios entre os idosos.

Para combater esta situação absurda e desumana, desde meados de 2019 os movimentos sociais chilenos vêm empreendendo uma importante jornada de lutas. Com amplas mobilizações populares que reivindicam a criação de uma previdência social pública e a realização de uma assembleia constituinte autônoma e plurinacional, destinada a dar novos contornos à organização social e política do país. Em cerca de um ano de protestos, dezenas de manifestantes foram mortos, centenas foram mutilados e milhares foram feridos pela polícia chilena, conhecida como uma das mais violentas do mundo.

Ontem, 1º de maio, mesmo em meio à pandemia da COVID-19, alguns dirigentes sindicais resolveram marcar a data com um protesto ímpar, para o qual não foram convocados os trabalhadores e a população de maneira geral, de modo a evitar o contágio pelo coronavírus. Apenas cerca de 20 dirigentes sindicais participavam da manifestação, planejada para durar cerca de 15 minutos, quando foram brutalmente reprimidos pela polícia de Sebastián Pinera, Presidente da República, e que coincidentemente é integrante de uma das famílias mais ricas do Chile, que acumulou riqueza exatamente com a privatização dos serviços públicos, nos anos 80.

Como resultado da repressão policial diversos manifestantes foram presos, dentre os quais Raul Devia, advogado integrante da Defensoria Pública do Chile e ativista das lutas sociais daquele país, companheiro que tem auxiliado bastante o CNASP na discussão e elaboração de teses em defesa da previdência social pública no Brasil.

Prestamos aqui a nossa solidariedade e o nosso apoio a Raul e a todas as companheiras e companheiros chilenos que arriscam suas vidas na luta em defesa da classe trabalhadora e por um país mais justo, e exigimos que o governo chileno arquive imediatamente todos os processos judiciais que têm aberto contra os manifestantes, com a clara intenção de intimidar o livre direito de expressão e organização da classe trabalhadora.

A luta do povo trabalhador do Chile é a mesma luta da classe trabalhadora brasileira.

Brasil, 2 de maio de 2020.

Foto: Reprodução/Twitter

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