No Dia Mundial da Saúde, entrevistamos Ana Luísa Dal Lago, Diretora da Secretaria de Políticas Sociais da FENASPS e Diretora da Secretaria de Assuntos Jurídicos do SINDISPREV/RS. Com larga experiência sindical e atuação em cargos de direção desde 2005, Ana respondeu a cinco perguntas sobre saúde pública.
1 – Qual o principal desafio na defesa da saúde pública no Brasil?
A saúde pública brasileira tem o SUS, o maior sistema público de saúde do mundo, que apesar de todos os ataques e os desafios imensos, garante saúde à nossa população. Destacar um desafio somente é quase impossível pela complexidade que é esse ecossistema. Mas, dentre os mais importantes, destacaria o subfinanciamento que, após a EC 29 e o Teto de Gastos, tem retirado expressivos valores do financiamento.
2 – O SUS representa uma das mais importantes conquistas da sociedade brasileira em busca da justiça social. O que precisa ser aperfeiçoado no sistema?
A estatização total do SUS com efetivos mecanismos de fiscalização e controle, através da participação da sociedade civil, com reconhecimento pelos gestores dos Conselhos Locais, Municipais e Regionais.
3 – Quais os reflexos da pandemia da Covid-19 na saúde pública?
O SUS provou no processo da pandemia da Covid-19 a importância de se ter um sistema de saúde público e universal. O maior impacto foi na atenção primária e nos atendimentos e procedimentos eletivos, que tiveram seus investimentos reduzidos e postergados. Com a atenção primária e procedimentos eletivos despriorizados devido à pandemia, no pós-pandemia o número de cirurgias de urgência e emergência aumentaram e causaram custos extras para o ecossistema.
4 – As fake news e o radicalismo político trouxeram prejuízos para as campanhas nacionais de vacinação. Como fortalecer o Programa Nacional de Imunizações?
É fundamental a comunicação estratégica no enfrentamento às desinformações, agilidade na promoção de informações íntegras e resposta aos efeitos negativos das redes de desinformação, responsabilizando e punindo exemplarmente os protagonistas e repassando informações de maneira preventiva.
5 – Que medidas mais urgentes precisam ser tomadas para que a desigualdade social não impeça o acesso de todos e todas à saúde pública?
Acredito que a principal seja a disparidade na saúde. Políticas Públicas, como saneamento básico para todos, devem permear o aspecto social. O uso de dados já ajuda, mas ainda é insuficiente. É necessária a integração de maneira nacional, para entender quais são os maiores problemas que as pessoas com dificuldade de acesso à saúde enfrentam e que, em teoria, estão “sob controle” como: raça/etnia, status socioeconômico, idade, local de residência, gênero, características físicas e orientação sexual.